Penitentes de Juazeiro completam 112 anos
Publicação:
09/04/12 | 10H04 - Última Atualização: 09/04/12 | 10H04
Foto:
Elias Mascarenhas
A
tradicional manifestação dos Penitentes de Juazeiro, transcorrida
até ontem, domingo (8), na Semana Santa, completou 112 anos. Foram
realizadas demonstrações públicas de lamentação na intenção de
legitimar o ato religioso como o mais tradicional e importante do
Vale do São Francisco, no qual a entrega e a disciplina em manter
viva a fé na salvação das almas é passada de geração a geração.
Os
três ‘cordões’ de procissões dos Penitentes foram formados por
idosos, adultos e crianças. A procissão acontece durante a
escuridão noturna e percorre as ruas da cidade. O branco dos lençóis
encobriu o corpo dos participantes e o guia – conhecido como
madeiro – carregou a cruz. Juazeiro fica a 500 km de Salvador e
está no nordeste baiano, em frente à cidade pernambucana de
Petrolina, ambas às margens do Rio São Francisco.
A
programação aconteceu todos os dias da semana. Na sexta-feira as
procissões se encontraram no cemitério para cumprimento do ritual
com cordões de São Francisco à cintura, levando velas ou
incensários a mão. As sete paradas do percurso da Via Sacra foram
marcadas por matracas, que são peças de madeira com uma plaqueta ou
argola que se agitam em torno de um eixo fazendo muito barulho.
A
procissão seguiu para a casa dos fiéis cumprindo suas promessas e o
cortejo foi até a madrugada. A força da crença foi demonstrada
pelos participantes através da dedicação e fé. Os fiéis cantaram
e rezaram ladainhas, benditos e pagaram suas penitências com
sacrifícios, jejuns e orações.
A
celebração acontece anualmente desde a quarta-feira de cinzas até
a sexta-feira santa católica. Ocorre ainda nas quartas e
sextas-feiras da Quaresma, cumprindo 40 dias e 40 noites. Na semana
da Páscoa realizam todos os dias. Participam dois grupos de fiéis
diferenciados, as ‘alimentadeiras’ e os ‘disciplinadores’ ou
‘penitentes’. Eles reproduzem a Via Sacra, acendem velas e
queimam incenso em favor das almas que sofreram mortes súbitas e
permaneceram penando no purgatório.
O
Penitentes é uma manifestação religiosa muito reclusa, na qual os
participantes usam indumentários cobrindo o rosto e participam de
rituais nos quais apenas eles podem presenciar, a exemplo dos
disciplinadores que ferem o próprio corpo como penitência”,
informa Luiz Hélio, assessor da secretaria municipal de Cultura.
Para o prefeito de Juazeiro, Isaac Cavalcante, existe maior dinamismo
do comércio de produtos religiosos durante a quaresma. “Os
‘Penitentes’ é a maior e mais tradicional manifestação da
região, promovendo a cidade”, afirma Cavalcante.
Em abril do ano passado (2011), técnicos do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), acompanharam o cortejo gravando vídeo-documentário totalizando 25 horas, com entrevistas que depois compõem dossiê a ser encaminhado para a análise do Conselho Estadual de Cultura (CEC). A expectativa da comunidade local é que a manifestação, iniciada em 1901, se torne um Patrimônio Imaterial. “O registro dos ‘Penitentes’ como bem intangível contribuirá para manter a tradição”, diz o prefeito Cavalcante. Outras informações sobre os Penitentes e o dossiê são fornecidas pela Gerência de Patrimônio Imaterial (Geima) do IPAC através do telefones (71) 3116-6741 e 3116-6828, ou via site do IPAC.
Em abril do ano passado (2011), técnicos do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), acompanharam o cortejo gravando vídeo-documentário totalizando 25 horas, com entrevistas que depois compõem dossiê a ser encaminhado para a análise do Conselho Estadual de Cultura (CEC). A expectativa da comunidade local é que a manifestação, iniciada em 1901, se torne um Patrimônio Imaterial. “O registro dos ‘Penitentes’ como bem intangível contribuirá para manter a tradição”, diz o prefeito Cavalcante. Outras informações sobre os Penitentes e o dossiê são fornecidas pela Gerência de Patrimônio Imaterial (Geima) do IPAC através do telefones (71) 3116-6741 e 3116-6828, ou via site do IPAC.
Penitentes de Juazeiro ganham videodocumentário
Publicação:
16/08/11 | 10H08 - Última Atualização: 16/08/11 | 11H08
Foto:
Elias Mascarenhas
A
manifestação é uma das mais antigas e singulares da Bahia e o
vídeo integra a pesquisa para viabilizar registro dos ‘Penitentes’
como Patrimônio Imaterial da Bahia
A
secular festa católica conhecida como ‘Penitentes de Juazeiro’
realizada desde 1901 no município de mesmo nome, no norte da Bahia,
localizado às margens do Rio São Francisco, a cerca de 500 km de
Salvador, vai ganhar um videodocumentário especial de 52 minutos com
depoimentos de participantes e estudiosos. O documentário foi
realizado graças à parceria entre o Instituto de Radiodifusão
Educativa da Bahia (Irdeb) da Secretaria de Comunicação do Estado
(Secom) e o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) da
Secretaria de Cultura (SecultBA).
O
vídeo integrará o dossiê de pesquisas realizado pelo IPAC para um
possível reconhecimento dessa expressão cultural popular como
Patrimônio Imaterial da Bahia. O Instituto já fez outros
documentários sobre festas que se tornaram oficialmente, através de
decreto, bens intangíveis do Estado, como a Festa da Boa Morte, o
Carnaval de Maragojipe, o Desfile dos Afoxés e o Cortejo 2 de Julho.
A
iniciativa integra o dossiê de pesquisas e atende a obrigação
regimental do IPAC de difundir publicamente suas produções
científicas acerca dos bens culturais baianos”, explica o diretor
geral do IPAC, Frederico Mendonça. Ao se tornar ‘patrimônio
imaterial’ uma manifestação cultural passa a ter prioridade nas
linhas de apoio e financiamento de programas culturais municipais,
estaduais, federais ou até internacionais.
Existem
referências dos ‘Penitentes de Juazeiro’ desde 1901. A
manifestação ocorre todos os anos durante a Semana Santa, durante
as sete semanas da Quaresma, 40 dias e 40 noites. A celebração
começa com as ‘alimentadeiras’, senhoras que andam em fila
vestidas de branco com velas acesas para rezar pelos mortos,
principalmente, os que se foram de maneira trágica. O trajeto fica
entre dois cemitérios e passa por sete ‘estações’ que são
paradas em locais estratégicos onde permanecem por cerca de 20
minutos rezando o ‘pranto’, ou seja, demonstrações públicas de
lamentação. Esse ritual acontece sempre as segundas, quartas e
sextas-feiras, geralmente das 20h até a meia-noite.
Na
quarta e quinta-feira aparecem os ‘disciplinadores’, homens que
se autoflagelam em sinal de penitência, passando nas casas do
trajeto da procissão pedindo pão e sabão. Na sexta-feira da Paixão
o ritual começa às 20h, sem o autoflagelo, apenas com rezas, e
segue até as 4h da manhã, quando o cantar do galo anuncia, no
sábado de Aleluia, que a manifestação está encerrada. O pão
doado é o único alimento durante o ato de penitência. O sabão é
utilizado para lavar vestes no Rio São Francisco após o término da
‘disciplina’. Uma demonstração de fé, promessa e tradição
que já passa por muitas gerações.
Tudo
isso consta no audiovisual, além de dados, documentação
fotográfica antiga e contemporânea, mapas e plantas da cidade de
Juazeiro. “Ter esse vídeo é uma maravilha, nós estamos felizes
da vida”, comemora a coordenadora Jesulene Ribeiro, conhecida como
‘D. Nenenzinha’. Ela é responsável por providenciar tecidos
brancos, incenso, velas e o cordão de São Francisco usado na
cintura pelas ‘alimentadeiras’.
Foram
25 horas de gravação e 40 de edição. “O audiovisual é um dos
mais eficientes suportes para preservar o bem imaterial porque a
memória e a história dessas manifestações você não encontra em
livros e sim nas pessoas. O registro e coleta ficam mais completos.
Esse produto confirma mais uma identidade e simbologia do imaginário
baiano”, enfatiza o gerente de Patrimônio Imaterial do IPAC,
Mateus Torres. O pedido de reconhecimento da manifestação foi um
projeto do deputado federal Jorge Khoury. Mais informações através
do telefone (71) 3116.6741 e no site www.ipac.ba.gov.br.
Foto: Elias Mascarenhas
Foto: Elias Mascarenhas
Jesulene (Nenenzinha) - "Grande Mulher".
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